Se o Flamengo tivesse alguém de fato competente no seu departamento de futebol, já teria chamado Gabriel para uma conversa séria. É inacreditável (e inaceitável) que o maior artilheiro do time nas últimas três temporadas esteja tão mal tecnicamente e tão perdido taticamente a ponto de passar as duas últimas partidas sem dar nem sequer um chute em direção ao gol.
Aconteceu no primeiro jogo contra o Atlético Mineiro, pelo Brasileiro (derrota por 2 a 0), e se repetiu diante do mesmo adversário, pela partida de ida das oitavas de final da Copa do Brasil (novo revés, por 2 a 1).
A área adversária passou a ser uma zona de campo na qual Gabigol mal põe os pés - basta ver o seu mapa de calor nos últimos 180 minutos em que esteve em campo. Afinal de contas, de que joga o camisa nove do Flamengo? De centroavante é que não é. E artilheiro deixou de ser.
É verdade que a terra arrasada que Paulo Sousa largou no Ninho do Urubu fez da equipe rubro-negra um caos. Mas nem isso é capaz de justificar atuações tão medíocres como as que tem tido o outrora melhor atacante do elenco. A ponto de já estar merecendo o banco de reservas, tamanha a sua inutilidade recente.
Convencido de que é um artista (vide os seus perfis nas redes sociais), Gabriel parece muito mais focado hoje em dia em ser "Lil Gabi", o personagem que criou de si mesmo e se divide como DJ, cantor, compositor de rap, Tiktoker e que tais, do que o atleta que tanto sucesso fez dentro das quatro linhas com a camisa rubro-negra.
Está mais do que na hora de alguém chegar e lhe dizer, com todas as letras, que não fossem suas atuações como jogador, seu número de seguidores em qualquer plataforma seria insignificante. Ou ele acha mesmo que "Lil Gabi" alcançaria fama, sem fazer todos os gols que Gabigol já fez - mas não faz mais?
Ah, se o Flamengo ainda tivesse um Domingo Bosco (extraordinário supervisor da maior equipe do clube em todos os tempos, nos anos 80)! Hoje tem Marcos Braz, Bruno Spindel, Fabinho, Juan, Skinner e outros. Que não têm moral alguma para mostrar ao goleador que, sem foco em sua vida de atleta e os seus gols, ele não será ninguém.