No duelo entre o Flamengo, que conta com Pedro em seu elenco, e Palmeiras, o clube que mais fez força para contratá-lo recentemente, o atacante não foi escalado, nem entrou durante a partida no Maracanã. Paulo Sousa fez apenas uma substituição, trocando Lázaro por Marinho.
Na Live do Flamengo, logo após a partida, este colunista, sem uma reflexão mais profunda, reprovou a atitude do treinador rubro-negro. Talvez pela falta de contundência do ataque ou por conta do nítido cansaço de Gabigol nos minutos finais.
Mas depois, revendo lances, lendo e ouvindo análises, a opinião mudou. O jogo realmente não era para o Pedro, em momento algum. E em nenhum dos times.
O atacante revelado pelo Fluminense e contratado pelo Fla à Fiorentina tem características muito especiais: alto nível técnico, boa estatura, presença de área. Não tem sido tão preciso nas finalizações, característica primordial para um centroavante que não é rápido, nem móvel. Também não é intenso, principalmente na pressão pós-perda.
A falta de oportunidades não é por acaso, ou má vontade de Paulo Sousa. O fato é que um atacante muito específico cabe em partidas com características bem particulares. Só quando é preciso empurrar a última linha de defesa para trás ou preencher a área adversária em um momento de "abafa".
Não era o que o Flamengo precisava. Gustavo Gómez e Murilo ficariam muito mais confortáveis com uma referência no centro do ataque. A mobilidade de Gabigol criou oportunidades para o próprio camisa nove e também para os companheiros, especialmente De Arrascaeta. Sem contar o trabalho coletivo, com e sem bola.
O Palmeiras, que tanto queria Pedro, também não tinha uma proposta na qual o atacante se encaixaria. Rony era o primeiro defensor de Abel Ferreira, tanto nos momentos de pressão e marcação adiantada do primeiro tempo, quanto na segunda etapa de linhas mais recuadas. Também o homem das rápidas transições ofensivas.
Rafael Navarro entrou nos minutos finais, apenas para descansar o titular, exausto de tanto correr. Mas mesmo o jovem centroavante mais "tradicional" tinha características que casavam mais com o jogo, como colaboração sem bola e mais rapidez e mobilidade.
Pedro pede mais minutos com qualidade, sem entrar com o time no desespero da busca de um empate ou vitória. Mas suas características no futebol atual se adaptam melhor a este tipo de contexto.
Basta observar os melhores atacantes do mundo: Benzema, Mbappé, Lewandowski, Salah, Havertz, Lautaro Martínez...Todos com velocidade e explosão para entrar às costas da defesa do oponente.
Já Romero Lukaku, mesmo brilhando na última temporada pela Internazionale, vive dificuldades para se adaptar ao Chelsea de Thomas Tuchel e inicia no banco muito mais vezes que ele e qualquer um poderia prever. O encaixe do estilo não é mais tão simples.
É claro que Pedro pode encontrar uma equipe no futuro que jogue em função do camisa nove ou tenha uma dinâmica ofensiva que peça um centroavante mais típico. Ou mesmo no Flamengo ou Palmeiras, mas em outra realidade.
Agora resta seguir trabalhando com profissionalismo e aproveitar melhor as oportunidades. Especialmente com gols.