O que já deu para entender no Flamengo de Paulo Sousa

 


No sexto jogo dirigindo efetivamente o rubro-negro carioca, Paulo Sousa já terá a primeira disputa de título pela frente. Neste domingo (20), a partir das 16h, em Cuiabá, o treinador certamente conhecerá a dor ou a delícia de comandar o clube mais popular do país. A definição será conhecida após o resultado da Supercopa do Brasil, diante do Atlético Mineiro.

Por mais incrível que possa parecer, o português já vem sendo questionado por boa parte da torcida e da imprensa. A principal cobrança vai em cima das escalações diferentes já utilizadas. Paulo faz testes para conhecer o elenco, lidar com ausências e ministrar minutos, além de dar rodagem aos atletas. Busca fazer com que entendam sua filosofia para a temporada.

As utilizações de Andreas Pereira e Diego também são alvo de críticas acima do tom para um trabalho que ainda vai completar 40 dias. A equipe de fato oscilou no frágil Campeonato Carioca. Perdeu um clássico em que foi melhor que o Fluminense na primeira etapa, e sofreu para bater o Madureira e o Audax. Isso também contribuiu para o cenário.

A questão central, porém, é entender que há uma profunda mudança de estilo de trabalho entre Paulo Sousa e Renato Portaluppi, seu antecessor. O europeu não estava no Brasil antes de treinar o Flamengo. Portanto não traz consigo o entendimento dos atletas que já eram mais criticados pela torcida. Não tomará suas decisões baseado nisso.

As mexidas começam no esquema tático. Adepto do 3-4-3 como plataforma base de organização, utilizou o sistema em quase todas as partidas até aqui. Certamente o repetirá neste domingo. Acredita ser a melhor solução para que haja uma ocupação de espaços coerente, visando encaixar as conexões entre os jogadores e fazer a bola circular de pé em pé, sem ligações diretas.


Deve escalar Filipe Luís novamente como homem à esquerda do trio que inicia as jogadas, basicamente a mesma função que o lateral fez com Rogério Ceni em 2020. Coerente com suas características. Everton Ribeiro tem atuado bem pela ala-esquerda. É uma novidade!

O fato de ter um atleta mais rápido no setor ao lado, provavelmente Bruno Henrique, facilita a ausência de velocidade e agressividade para chegar na linha de fundo. Everton tem funcionado como um articulador aberto pela esquerda. Deve promover algumas trocas com Bruno Henrique ao longo do jogo. Se o camisa 27 não entrar de início, Arrascaeta ou Vitinho podem atuar na posição.


Essas trocas de posição, aliás, além da liberdade de movimentação dada a alguns jogadores, são a principal surpresa deste início de trabalho. O português realizava pouco isso nas outras equipes que dirigia. Adepto do jogo de posição, tem entendido as características de determinados atletas. Segue pregando uma ocupação racional dos espaços, mas com ''permutas'' entre os jogadores.


Gabigol é outro exemplo. É o jogador mais adiantado do time, mas ganha liberdade para flutuar do meio para a direita, como gosta de fazer, e aí o companheiro que estava no setor, automaticamente se adianta para a equipe não perder a referência ofensiva, manter a profundidade.

Há setores onde isso acontece menos. Na direita, o ala, que deve ser Rodinei, fica mais fixo. Os volantes também ''dividem'' o campo ao meio, lado a lado, se mexem nesses setores, mesmo comportamento dos zagueiros na circulação de bola no ataque.

O time naturalmente busca o ''ajuste fino'' desses movimentos ofensivos, assim como o ajuste das transições defensivas e a variação do 3-4-3 com a posse para o 4-4-2 sem a bola.

Filipe não defende como zagueiro e o rubro-negro não monta uma linha de cinco atrás no momento defensivo. Ele abre para a lateral, Rodinei recua para compor a última linha defensiva, e um dos meias por trás do centroavante volta para fechar o lado direito do meio-campo

Azeitar toda essa engrenagem demanda um pouco mais de tempo. Não acontece rapidamente, e isso precisa ser analisado jogo a jogo, sem relação direta com o resultado.

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