Análise: Flamengo não mata e dá dramaticidade a jogo sob controle; trocas fazem time cair


Apesar de ter chegado ao estádio San Carlos de Apoquindo sem vitórias contra a Universidad Católica, o Flamengo tinha tudo para quebrar - e quebrou - a escrita sem dificuldade na noite de quinta-feira. Venceu por 3 a 2, mas poderia ter feito mais dada a disparidade técnica.


Não, o Flamengo não foi tão mal assim quanto título e primeiro parágrafo sugerem. O sistema ofensivo, sobretudo a dupla Bruno Henrique e Gabigol, funcionou bem. Cabia mais entretanto. E mais cedo.

- Poderíamos sem dúvida ter construído esse resultado até antes, o que nos daria muito mais tranquilidade para ter uma melhor gestão do jogo. No nosso melhor momento, acabamos por sofrer o gol, mas o mais importante foi o resultado - disse Paulo Sousa.

O time fez três gols na vitória sobre a Universidad Católica, poderia ter conseguido saldo melhor e só não o construiu por detalhe. Não matou diante de um rival bem inferior. Por quê? Pouca efetividade na frente e mexidas no segundo tempo.

Criação ajustada, lado direito problemático

Paulo Sousa disse que o Flamengo poderia ter resolvido a parada antes. É verdade. Leia abaixo.

O Flamengo começou com tudo. Antes de dois minutos, já havia chegado em falta sofrida por Isla perto da área e finalização de Arrascaeta. Com a compactação do quarteto que voltou a ter Bruno Henrique após três jogos, os comandados de Paulo Sousa logo encurralaram a Católica para o bloco mais baixo.

O gol não demorou a sair. E veio de um jeito que a torcida gosta, com protagonismo da dupla Bruno Henrique e Gabigol. Thiago Maia combateu o bom combate na linha central, Filipe Luís o ajudou, e ele esticou para BH deixar Gabi na boa.

O Flamengo dava pinta que mataria por seu poderio técnico. Mas havia espaço pelo lado direito da defesa. Isla não recompunha como manda o figurino, Arão mostrava desatenção em alguns momentos, e a segunda linha de marcação não era linear.

O empate veio em gol contra de Isla, que, por obra do destino, marcou a favor do clube que nunca defendeu profissionalmente mas que em contrapartida lhe proporcionou os primeiros passos antes de rumar à Europa. A culpa não é somente do chileno, que tentou bloquear Zampedri, com muita liberdade, mas sim dos espaços concedidos por todo o sistema defensivo, sobretudo pelo lado direito.

O Flamengo retomou a liderança em outra jogada do trio: Arrascaeta recebeu no meio, fez o passe mais difícil, Bruno Henrique executou o esperado, avançou pelo canto e cruzou. Gabigol também não falhou e mexeu no placar: 2 a 1.

Faltou matar e transformar em goleada

Arrascaeta, ainda inteiro àquela altura, seguia como cérebro do time e participou de três jogadas que poderiam dar tranquilidade ao time.

Primeiramente perdeu na cara do gol após boa jogada de Thiago Maia - esta, vale destacar, quando ainda estava em 1 a 1. Mas depois, aos 39, aproveitou saída errada do rival e deixou Gabi livre para perder chance incrível. E, aos 43, roubou bola que teve tabela de Gabigol e BH e chute do camisa 9 nas mãos do goleiro.

Mexidas retraem Flamengo

Na volta do intervalo, Paulo Sousa sacou João Gomes por questões físicas e o substituiu por Andreas Pereira. Não deu certo. Se o belga de 26 anos havia entrado bem contra o Athletico-PR com volume, finalizações e fluidez no jogo, ele caiu bastante de nível no Chile.

Foi o líder de erro de passes do Flamengo, com nove em 22 (59%), e o Flamengo perdeu o meio. Thiago Maia, combativo e importante no primeiro gol, também não manteve o nível da primeira etapa, e a inferior Universidad Católica tomou conta territorialmente.

Paulo Sousa, aos 19 minutos, ainda sacou Bruno Henrique, Everton Ribeiro e Arrascaeta. A exemplo do ocorrido com João Gomes, os tirou para poupá-los. Entraram Lázaro, Diego e Marinho. Aos 35, Pedro substituiu Gabigol. Mais regressão.

Nesse intervalo, o jogo parecia uma incerteza, mas Lázaro fez questão de dizer que é uma certeza da base rubro-negra. O Flamengo já podia ter matado aos 15 e aos 16 minutos com Gabigol, mas esbarrou no individualismo de Bruno Henrique e no cansaço de Everton. O camisa 9 não aproveitou sobra dos 27 e nem chegou em cruzamento forte do 7.

Depois de Isla se arriscar a cometer dois pênaltis - que acertadamente não foram marcados -, Pedro roubou bola no campo ofensivo e deixou com Marinho, que, surpreendendo Paulo Sousa, não acelerou a bola e tocou na medida. Lázaro apareceu e definiu. Definiu em parte...

Depois de conseguir 3 a 1 no marcador, o Flamengo teve escanteios a seu favor, mas Andreas e Marinho pecaram na hora de segurar a bola. Não o fizeram. Veio o segundo gol adversário, mas nada que, tirado o mínimo sufuco, impedisse os 100% de aproveitamento.

O Flamengo venceu, encaminhou classificação, mas não tampou com buracos erros que podem lhe custar caro na frente. Com o poderio ofensivo que tem, decidir é preciso. Sobra talento, falta concretizar e se tornar confiável.

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